SABEDORIA E ROMANTISMO

Um dos fatos mais importantes que encobrem a sabedoria, é o sentimentalismo, ou seja, o romantismo. Ele é um estado perigoso e daninho da personalidade, que impede a pessoa de compreender.

O sentimentalismo pode ser definido como as emoções que escapam do controle da sabedoria, deixando a pessoa totalmente ao sabor de suas emoções. A pessoa sentimental e comporta de forma irracional porque está sob a influência de suas emoções. O crente, ao contrário, guia suas emoções com sabedoria e age de acordo.

O amor, por exemplo, pode ser tanto emocional como racional. A pessoa sentimental ama as pessoas e objetos que, na verdade, não mercem ser amados. As pessoas amam coisas que lhes causam sofrimento ou que não as respeitam.

O amor dos crentes é totalmente sensato. Os crentes amam as pessoas por suas caracterísitcas de correção, que também são os sinais de sua fé, conforme mencionado no Alcorão. Os crentes não amam as pessoas que não merecem ser amadas.

Frequentemente, o Alcorão adverte os crentes para evitarem o amor emocional:

"Ó fiéis, não tomeis por confidentes os Meus e os vossos inimigos, demonstrando-lhes afeto, posto que renegam tudo quanto vos chegou da verdade, e expulçam de (Makka) tanto o Mensageiro, como vós mesmos, porque credes em Deus, vosso Senhor! Quando sairdes para combater pela Minha causa, procurando a Minha complacência (não os tomeis por confidentes), confiando-lhes as vossas intimidades, porque Eu, melhor do que ninguém, sei tudo quanto ocultais, e tudo quanto minifestais. Em verdade, quem de vós assim proceder, desviar-se-á da verdadeira senda. Se lograssem tirar o melhor de vós, mostrar-se-iam vossos inimigos, estenderiam as mãos e as línguas contra vós, desejando fazer-vos rejeitar a fé. De nada vos valerão os vossos parentes ou os vossos filhos, no Dia da Ressurreição. Ele vos separará; sabei que Deus bem vê tudo quanto fazeis.

Tivestes um excelente exemplo em Abraão e naqueles que o seguiram, quando disseram ao seu povo: Em verdade, não somos responsáveis por vossos atos e por tudo quanto adorais, em lugar de Deus. Renegamos-vos e iniciar-se-á uma inimizade e um ódio duradouros entre nós e vós, a menos que creiais unicamente em Deus! Todavia, as palavras de Abraão para o pai: - Implorarei o perdão para ti, embora nada venha a obter de Deus em teu favor – foram uma exceção. (Dizei, ó crentes): Ó Senhor nosso, a Ti nos encomendamos e a Ti nos voltamos contritos, porque para Ti será o retorno." (Alcorão 60:1-4)

Nos versículos "Ó fiéis, não tomeis por confidentes os Meus e os vossos inimigos, demonstrando-lhes afeto, posto que renegam tudo quanto vos chegou da verdade, e expulçam de (Makka) tanto o Mensageiro, como vós mesmos, porque credes em Deus, vosso Senhor!", Deus diz que amar pessoas que, na verdade, são nossas inimigas é totalmente irracional. Devotar o nosso amor a tais pessoas depende única e exclusivamente da emoção.

Há, também, outras passagens no Alcorão que chamam nossa atenção para os mesmo riscos. Noé, por exemplo, pediu perdão a Deus para seu filho por não ter pedido para ser salvo da enchente. E Deus disse a Noé que seu filho estave entre os incrédulos e que ele (Noé) não deveria oferecer-lhe o seu amor.

"E ela navegava com eles por entre ondas que eram como montanhas, e Noé chamou seu filho, que permanecia afastado, e disse-lhe: Ó filho meu, embarca conosco e não fiques com os incrédulos! Porém, ele disse: Refugiar-me-ei em um monte, que me livrará da água. Retrucou-lhe Noé: Não há salvação para ninguém, hoje, do desígnio de Deus, salvo para aquele de quem Ele se apiade. E as ondas os separaram, e o filho foi um dos afogados…E Noé clamou ao seu Senhor, dizendo: Ó Senhor meu, meu filho é da minha família; e Tua promessa é verdadeira, pois Tu és o mais equânime dos juízes! Respondeu-lhe: Ó Noé, em verdade ele não é da tua família, porque sua conduta é injusta; não Me perguntes, pois, acerca daquilo que ignoras; exorto-te a que não sejas um dos insipientes! Disse: Ó Senhor meu, refugio-me em Ti por perguntar acerca do que ignoro e, se não me perdoares e Te compadeceres de mim, serei um dos desventurados." " (Alcorão 11:42-47)

A ordem de Deus, nestes versículos, é de uma clareza cristalina. Os crentes não podem amar os incrédulos, ainda que sejam membros de sua família. A sabedoria mostra que devemos amar aqueles que merecem. Portanto, não há a menor chance de os crentes amarem pessoas que não obedecem aos mandamentos de Deus e esse tipo de amor é um amor emocional, e que é típico das comunidades de ignorantes.

As esposas de Noé e de Lot também eram infiéis e foram punidas por Deus. A comunidade de Lot havia se desviado e, por isso, foi destruída. No dia anterior à destruição, os anjos vieram até Lot e disseram-lhe para abandonar a cidade, mas que deixasse sua esposa lá. Sem hesitação, Lot obedeceu, porque o seu amor por ela não era emocional.

"Disseram-lhe (os anjos): Ó Lot, somos os mensageiros do teu Senhor; eles jamias poderão atingir-te. Sai, pois, com a tua família, no decorrer da noite, e que nenhum de vós olhe para trás. À tua mulher, porém, acontecerá o mesmo que a eles. Tal senteça se executará ao amanhecer. Acaso, não está próximo o amanhecer?" (Alcorão 11:81)

Da mesma forma que Lot, não há um sequer, entre os crentes, que ofereça o seu amor a pessoas que desobedecem a Deus:

"Não encontrarás povo algum que creia em Deus e no Dia do Juízo Final, que tenha relações com aqueles que contrariam Deus e o Seu Mensageiro, ainda que sejam seus pais ou seus filhos, seus irmãos ou parentes. Para aqueles, Deus lhes firmou a fé nos corações e os confortou com o Seu Espírito, e os introduzirá em jardins, abaixo dos quais correm os rios, onde morarão eternamente. Deus se comprazerá com eles e eles se comprazerão n´Ele. Estes formam o partido de Deus. Acaso, não é certo que os que formam o partido de Dues serão os bem-aventurados?" (Alcorão 58:22)

A razão para este comportamento racional dos crentes é a "compreensão do amor". Diz o Alcorão, no que se refere à diferença na compreensão do amor:

"Entre os humanos, há aqueles que adotam, em vez de Deus, rivais (a Ele), aos quais professam igual amor que a Ele; mas os fiéis só amam fervorosamente a Deus. Ah, se os iníquos pudessem ver (a situação em que estarão) quando virem o castigo (que os espera!), concluirão que o poder pertence a Deus e Ele é Severíssimo no castigo" (Alcorão 2:165)

Conforme mencionado nos versículos acima, os crentes, na verdade, amam Deus. O amor que devotam aos homens, nada mais é do que o reflexo do seu amor por Deus, e é por isso que eles amam aqueles que são fiéis também. Quanto aos incrédulos, estes só obedecem a seus desejos e paixões, razão por que se afastaram de Deus. O seu comportamento e modos lembram os de Satanás. Por isso, é impossível para o crente amá-los. Os incrédulos consideram cada criatura apartada de Deus e por isso, os ama separadamente. Esta espécie de amor "é atribuir parceiro a Deus" – ou seja, isto é idolatria.

O comportamento oposto à emoção, a que se refere o Alcorão, não consiste apenas no amor. Há muitos exemplos de comportamentos racionais no Alcorão: na relação de Moisés com um dos servos de Deus, a quem Ele agraciou com a Sua Misericórdia e a quem deu o conhecimento de Sua própria Presença, os prejuízos menores são considerados benefícios maiores (18:65-82); com relação ao papel do sacrifício, Ismael disse a seu pai "Ó meu pai, faze o que te foi ordenado! Encontrar-me-ás, se Deus quiser, entre os perseverantes!" (37:102); e a mãe de Moisés, assim que recebe a inspiração de Deus, coloca o filho no rio sem hesitação (28:7); e os crentes sufocam sua raiva e perdoam os homens (3:134); e não se desesperam com relação a coisas que estão além de sua compreensão (57:23); e gastam daquilo que eles mais apreciam (3:92).

No entanto, há um ponto importante que não deve ser compreendido erradamente. Não ser possuído pela emoção não quer dizer que a pessoa seja insensível ou indelicado. O Alcorão diz que "Sabei que Abraão era sentimental, tolerante." (9:114) O que está errado com a emoção é que ela se origina de uma convicção ignorante. As emoções são fruto da alma e não no espírito.